Com envelhecimento da população brasileira, cresce número de familiares que cuidam de idosos. Estamos preparados para esta complexa atividade?
Segundo informações contidas no site da agência de notícias do IBGE, https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/, o número de familiares que se dedicavam a cuidados de indivíduos de 60 anos ou mais saltou de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019.
A Organização Pan-americana de Saúde aponta que o número de idosos que necessitam de cuidados especiais irá triplicar nas próximas três décadas em todas as américas. Aqui no Brasil os cuidados são basicamente realizados por familiares sem a devida experiência e instrução formal, gerando reflexos negativos na saúde física e psicológica no próprio cuidador.
O fato é que a população está envelhecendo rapidamente e, não raro, vemos idosos cuidando de idosos e pessoas sem nenhum preparo técnico fazendo o papel de cuidador. Pesquisas do IBGE apontam que o maior percentual de pessoas que cuidam de idosos está na região nordeste, destacando-se, também, o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde se concentram as maiores proporções de idosos na população.
A população idosa tende a crescer no Brasil nas próximas décadas, como aponta a Projeção da População, do IBGE, atualizada em 2018. Segundo a pesquisa, em 2043, um quarto da população deverá ter mais de 60 anos, enquanto a proporção de apenas jovens até 14 anos será de penas 16,3%.
A mesma pesquisa aponta que monitorar ou fazer companhia dentro do domicílio (83,4%), auxiliar nos cuidados pessoais (74,1%) e transportar ou acompanhar para escola, médico, exames, parque, praça, atividades sociais, culturais, esportivas ou religiosas (61,1%), são as principais atividades requeridas pelos idosos.
As mulheres continuam sendo as que se dedicam mais, quase o dobro de horas, nos afazeres e cuidados das pessoas. A maior parte dos cuidadores familiares são mulheres que sacrificam suas próprias atividades para cuidar de familiares idosos, enfrentando verdadeira estafa mental e física.
Além dos altos custos para se manter profissionais cuidadores para idosos dependentes, outro fator que desafia esse novo cenário é que as pessoas que se dedicam aos cuidados de pessoas idosas não têm preparo e conhecimento técnico para atenderem todas as necessidades que seu familiar exige. Instituições de Longa Permanência para Pessoas Idosas podem ser uma alternativa interessante para o melhor cuidado da pessoa idosa, mas grande parte das famílias não possuem recursos financeiros suficientes para contratar bons serviços. O que fazer?
Não existe uma resposta simples. O que podemos constatar é que as famílias não estão preparadas para enfrentar tal desafio, seja psicologicamente falando, financeiramente e até mesmo em termos de disponibilidade de tempo dos parentes para atenderem as necessidades básicas de uma pessoa idosa dependente.
Faz-se necessário a busca de informações de profissionais que possam instruir as famílias sobre os cuidados básicos da pessoa idosa, estrutura nas residências para evitar acidentes domésticos, alimentação, rotinas com medicamentos, entre outros assuntos, visando um verdadeiro plano de gestão que possibilite uma vida digna para a pessoa que está sendo cuidada e condições menos sobrecarregadas para quem assume a condição de cuidadora familiar.
Diante da necessidade de cuidar de uma pessoa idosa que seja dependente de uma cuidador, sugerimos que a família busque orientação profissional de um (a) gerontólogo (a) ou serviço especializado em tais cuidados para estudar melhor alternativa e buscar o conhecimento das necessidades básicas de quem será cuidado. Não é demais lembrar que o (a) cuidador (a) familiar, que irá gerenciar o dia a dia, precisará estar atento (a) para a sua própria saúde física e mental, pois caso contrário poderá enfrentar fadiga, ansiedade, depressão e até mesmo conflitos familiares.
Por fim, sugerimos assistir esse programa para enriquecer ainda mais a reflexão: https://zcu.io/q5z3
Autor: Dr. Mauro Moreira de Oliveira Freitas – Sócio da Oliveira Freitas Advogados e Presidente da Abracs – Associação Brasileira do Cidadão Sênior.